segunda-feira, 26 de setembro de 2011





Sentada sem fazer nada no banco da praça ela começou a escrever... Sua alma estava tão triste e ela sem entender porque todos os seus rabiscos pareciam ser de algo que não á pertencia,     [ sorte que entender não é o mesmo que existir só por definição ] ela começou a ver que o que a incomodava era algo fora do seu consciente,
Ela poderia fingir felicidade em seus versos mas não o fez.
Pra não enganar a arte ela deixou de escrever e só passou a agir... se acariciou ali mesmo onde estava... se amou, ela se tocava como se cada gesto da sua mão tivesse extrema importância para alguma coisa que na verdade nunca existiu, pois nada nunca existiu, o que importava era o que ela estava sentindo e isso transparece questões de existência. Fato.
Os versos dela a partir de então se tornaram tão confusos quanto os meus.
A confusão era genuinamente dela, além da tristeza, o “ ela-lírico” nunca foi feliz. A Arte agradeceu. Foi só isso, nada de especial nesse texto, é só pra ser confuso tanto quanto questões de existência.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Certas Vezes no Café


Diversas vezes pensei em desistir dessa historia toda de ser escritor, escrevi para o teatro, passei pelo cartão de natal até chegar ao obituário de um jornal fudido que circula na Praça Sete, inferno, em um desses meus dias de desistência efetiva vi  uma portinha simples que levava á um café pequeno, decoração de péssimo gosto, sem ventilação alguma, balcão empoeirado, luz de tungstênio de má qualidade, vestígios de uma decoração em que um dia o contraste de vermelho com roxo era  tendência.

 Sentei-me em um canto vadio, bagunçado, entre as traças vi companhia, aos poucos aquele lugar foi me conquistando e todos os dias antes de ir para o inferno eu me sentava e tomava um café, forte porém formigando de doce, frio, mas eu também sou, não julgarei o comportamento do café.

Certa vez entrou uma mulher, bonita, na mão esquerda marcas de uma aliança que não existe mais, punho e antebraços manchados de tinta azul e amarela, olhos cansados pelas leituras noturnas, cabelo mal arrumado, ela provavelmente preferia engolir livros de historia da arte do que perder tempo com sua aparência. Ela sentou, pediu um café, sorriu. Fiquei distraído escrevendo esse trecho que não reparei ao certo se ela terminou seu café antes de ir embora ou se petrificou em um canto como eu.

Certa vez entrou um homem, aparência robusta, olhos vermelhos marcados pelo baseado da manhã, mãos tremulas, bebeu uma água, pelos chinelos e os dedos empoeirados provavelmente não tinha dinheiro para mais nada, não é fato, estou julgando, até os escritores mais decadentes tem liberdade de serem idiotas, devia ter lhe oferecido um café mas ele foi embora de repente, não tive a chance, não tive tempo nem para um sorriso.

Certa vez passei pela porta e o café estava fechado, um papel dizia “ vigilância sanitária” não terminei de ler o resto, na minha cabeça aquilo soava como um “mais dia ou menos dia isso ia acontecer” achei engraçado como aquilo para alguém significava muita coisa e nada para mim apesar daquele lugar já fazer parte da minha rotina, sou sádico, não bebi café e nem sorri, me sentei na calçada e respirei fundo, fumei um cigarro e fui para o inferno em seguida.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Fragmentada



                                                         1. As árvores de lá.                                     
  Sentada na janela ela observava, de longe via as montanhas, como eram lindas, as arvores que lá estavam  pareciam estar dançando...
           [que bela música]
                                                         ~mas então ela chora.
Porque tais arvores ali paradas acenando não viriam buscá-la. Há tempo esperava, [não] elas ficavam em um lugar só.
          
                                                2. Ela vaí até lá.

Ou pelo menos tenta, porque se vê em um lugar tão escuro, sombrio, ela penetrava em suas emoções emergentes e se libertava de muita culpa, o que sobrava lá ficava, lá dentro de sua alma.
        [ela se cansa]
Riu de uma piada que lembrou ler no jornal hoje cedo.
                                            Olhou no espelho do seu quarto.
                                                                          [sim. Ela estava em  casa]
Pegou um batom vermelho, ganhado de alguém,   passou em seus lábios, acredito eu não terem donos,  se maquiou da mesma forma semana passada para o casamento dos Morais.
                             Agora o perfume.
                                                                                                         ~vozes do portão.
Ela acha que é o carteiro, não tem muita certeza.
                                                                                                         ~as vozes somem.
Ele se foi, ela pensou, não disse, por que ela não falava sozinha.
                                                                                                         ~as vozes agora estão na sua cabeça
Ela abriu a Janela. Suspirou [eu também] subiu em um baú, debruçou-se ,
 Levantou um joelho, Levantou o out...
                                          Não sei, Mas acho que não a vejo mais.